segunda-feira, outubro 23, 2006

EXPLORAR E HOMENAGEAR?

EXPLORAR E HOMENAGEAR?
Se observarmos bem a realidade das emissoras de TV da Capital Cearense, perceberemos que possuímos bons profissionais. Não pela formação cultural ou educacional de muitos. Já que dentro das estruturas, poucos conseguiram entrar nos bancos do ensino superior, como produtores, editores e repórteres. Digo bons principalmente em relação aos editores de imagens, cinegrafistas e auxiliares. Pessoas que vieram de outras áreas para dentro das TVs, realizando hoje importantes funções que contribuem para levar imagens e informações à população.Estes profissionais são bons porque sem estrutura, com baixos salários, e sendo explorados, ainda conseguem dar conta de seu trabalho. Um ofício que ao longo dos anos vira um vício. Eles sentem-se parte das transformações sociais que a informação jornalística leva às diversas camadas da população. Acompanhando cinegrafistas, e editores percebemos como a maioria procura fazer o trabalho render, e com qualidade. Talvez, dentro de seus corações, exista uma esperança de um dia a situação da qualidade de trabalho nos meios de comunicação venha a melhorar.
Com certeza, qualquer profissional de TV no Ceará daria um show se fosse contratado por uma grande emissora nacional, onde lhe dessem toda a estrutura necessária para o trabalho, respeito à legislação trabalhista, e salários dignos. Digo isto, porque como falei antes eles aprenderam na prática. E dão bons resultados por que são nordestinos, e como tal são fortes para tentar vencer as adversidades do cotidiano.
A situação de desmobilização da categoria dos cinegrafistas, editores e auxiliares, que são filiados ao Sindicato dos Radialistas, passa pela falta de formação educacional e cultural. Para os empresários é mais fácil manipular um profissional sem senso crítico e sem embasamento cultural. Com isso os bons profissionais são descartados, e novos são contratados sem um critério sério e coerente, gerando uma “oferta” excedente de mão de obra, que contribui ainda mais para o achatamento dos “salários” pagos atualmente.
Preconceitos à parte, durante mais de 10 anos já vimos nas emissoras que trabalhamos serventes e auxiliares de serviços gerais serem transformados em cinegrafistas. Não que estas pessoas não devam ter permissão de ascender socialmente, mas que para exercer estas funções deveriam um curso de capacitação, tivessem pelo menos o segundo grau, ou já estivessem em uma faculdade. A visão de mundo destes profissionais seria outra, tanto em relação às notícias produzidas, quanto em relação às suas vidas, e suas relações trabalhistas.
Voltando à preparação cultural intelectual, também encontramos outros profissionais de rádio que amam o que fazem. São os locutores entrevistadores, que muitas vezes a mando das empresas e por necessidade de trabalhar tomam os lugares de jornalistas profissionais nas funções de repórter. Embora com uma formação a desejar, alguns são comprometidos com o que fazem e buscam ser éticos. Vestem a camisa da produção de notícias.
No âmbito dos programas policiais encontramos mais destes tipos de profissionais. Recentemente perdemos um destes comunicadores, que morreu repentinamente. O sr. Jorge Ribeiro, pessoa com quem trabalhamos na TV Diário do Sistema Verdes Mares de Comunicação. Jorge Ribeiro em seu mister era dedicado e comprometido, embora não fosse jornalista. Percebíamos claramente o seu comprometimento em buscar boas notícias para as edições do programa Rota 22. Possuía fontes, contatos com a polícia, e entendia do que fazia. Um homem simples, que vibrava com a notícia, e que tinha uma boa convivência com seus colegas de trabalho. Embora bem mais velho do que outros colegas de redação, Jorge virava um jovem quando estava em busca de novas notícias. Ele se foi, e outros virão para assumir seu lugar. Render homenagens ao colega de imprensa falecido é algo justo, por sua dedicação e empenho.Na minha opinião as homenagens dos colegas são aceitáveis. Mas as poucas homenagens da diretoria da TV Diário, são questionáveis. Digo isto, pois como outros colegas daquela emissora Jorge Ribeiro era mais um profissional explorado pela direção da TV. Como os demais ele sonhava com um futuro melhor dentro da profissão, mas que, sob o julgo de uma administração autoritária, era obrigado a aceitar as regras do jogo impostas por poucos que esquecem-se de seu passado, e ameaçam com demissões infundadas. Pessoas que em cargo de chefia não conseguem perceber o lado humano das pessoas com que trabalham, e acham-se donos dos veículos de comunicação, tentando equacionar problemas no grito.
Isto acontece em grande parte por que os interesses pessoais deste “profissionais” ofuscam uma visão plena sobre os profissionais das redações cearenses. O falecido repórter do Rota 22 não será o primeiro, e nem o último profissional de imprensa a ser homenageado pelas empresas. Uma homenagem fria, sem sentido, e que só vem depois da morte do funcionário.Logo nos questionamos se é válido explorar os profissionais de imprensa durante toda a vida, para depois homenagear? Lógico que não! Digo isto porque já recebi três singelas e importantes homenagens, que me deixaram orgulho. Estou vivo.
Cada profissional de telejornalismo sonha com um futuro melhor para si, e seus familiares. Mas com o salário de fome, não dá nem para comer direito. A verdadeira homenagem que cada profissional de imprensa deste estado deseja receber é em vida. E a homenagem não é nada mais, nada menos do que uma obrigação de cumprir moralmente e legalmente o que cada profissional tem direito. A verdadeira homenagem passa pelo respeito à dignidade humana dos profissionais que não merecem receber gritos, ao cumprimento da legislação trabalhista, e a implantação de um profissionalismo ainda inexistente. Por tudo isto somos contra homenagens falsas àqueles que partiram, e foram explorados em vida. Eu, por exemplo, dispenso estas “homenagens”.

Fernando DantasAdvogado/Jornalista

quinta-feira, outubro 19, 2006

OTIMISMO E TRABALHO!

O tempo corre! Faltam apenas dez dias para ser definido quem será o novo presidente do Brasil. Se olharmos para trás parece que foi ontem que as esquerdas lançaram a candidatura de Lula em 1989. Mais próximo parece a campanha da vitória que levou a alternância de poder no país, culminada com a posse de Lula em 2002.
Agora no segundo turno se formos analisar o cenário político, percebemos claramente que tudo está favorável à reeleição do primeiro governo popular do Brasil. As pesquisas indicam que iremos vencer com uma boa margem de diferença de votos neste segundo turno. Motivo de orgulho e otimismo diante das mudanças sociais realizadas neste imenso continente chamado Brasil.
Acredito que, talvez, o nosso maior obstáculo a ser vencido não será a oposição dos adversários tucanos que tentam desvirtuar os fatos, e confundir a opinião pública dos eleitores indecisos, ou decididos a votar em branco ou nulo. A nossa maior dificuldade será sem dúvidas a abstenção.
No nordeste, Lula conseguiu grande maioria dos votos. Termômetro que indica a satisfação popular em relação ao governo federal. Mas ao contrário do primeiro turno, onde os candidatos nas eleições proporcionais preocupavam-se mais com o eleitor, e principalmente com aquele que vota no interior, devemos agora redobrar os esforços.
Analisando os números do primeiro turno, percebemos que no Brasil Lula teve 46.662.365 votos. O opositor tucano ficou com 39.968.369. E as abstenções somadas aos votos nulos e brancos totalizaram 29.915.923. Nestes quase trinta milhões de votos é que devemos centralizar nossos esforços como militantes, simpatizantes, ou apoiadores do governo Lula. Esta é uma quantidade expressiva de votos que pode mudar a realidade do resultado final das urnas.
As pesquisas leva-nos a um grande otimismo relacionado à vitória, mas não devemos esquecer do trabalho. Trabalho este que nesta reta final é de fundamental importância para a conquista de novos eleitores adeptos à abstenção voluntária, que crescerá; e aos votos brancos e nulos. Mas também não devemos menosprezar os votos dados aos demais candidatos do PSOL, PDT, e de outros pequenos partidos.
Não dá neste momento para entrar no clima do já ganhou. Não podemos repetir o gosto amargo do que ocorreu na Copa do Mundo. Não nos enganemos. Enquanto estamos aqui buscando convencer amigos, parentes, e colegas de trabalho que neste momento Lula é a melhor opção para o Brasil, as forças ocultas reúnem-se embaixo das asas tucanas para descobrir qual o melhor caminho para desestabilizar a democracia do país. E isto que eu digo não é fruto da imaginação deste que aqui escreve. Contra fatos não há argumentos. A imprensa nacional noticiou a fala do candidato emplumado tucano após a última pesquisa: “Se Lula for reeleito, ele não governará”. Com isto, deve se preocupar o eleitor brasileiro, principalmente os que possuem melhor renda, e maior acesso à educação e aos meios de comunicação.
Não devemos votar simplesmente por votar. Mas refletir no papel o que realmente mudou. E o que significa a volta do PSDB e PFL ao poder deste país? Um grupo de herdeiros de tradições que vem desde o colonialismo português, passando por “partidos” como Arena e PDS. Para eles foram mais de 500 anos no poder.
Ao ligar a TV, assistimos apenas discursos evasivos do ex-governador de São Paulo, que fala: O Lula e o PT já tiveram sua chance de governar”. E com certeza eles também tiveram uma chance. E que chance! Foram mais de cinco séculos com políticos no poder que representavam apenas as “elites” tupiniquins deste amado Brasil.
Precisamos, sim, não deixar de sermos otimistas, mas sem esquecer que o trabalho é fundamental para o futuro de nosso povo. O futuro desta nação abençoada por Deus. Não um Deus Opressor, que tenta passar a teoria do Determinismo Divino. Mas um Deus que tenta viver com seus filhos valores de humildade, solidariedade, altruísmo e amor.

Fernando DantasAdvogado/Jornalista

quarta-feira, outubro 11, 2006

A QUEBRA DOS VALORES DEONTOLÓGICOS

A imprensa possui realmente um papel de fundamental importância na formação intelectual de um país, através da divulgação de notícias e informações. A mídia tanto pode ser utilizada para o bem quanto para o mal. Nas duas situações continua sendo um quarto poder dentro de uma estrutura social.

No Brasil, onde algumas instituições ainda não amadureceram o bastante, a imprensa pode exercer uma influência negativa, que leva às mudanças de posições e opiniões. A notícia, como é ensinada nos bancos universitários e também na experiência diária nas redações com profissionais sérios deve ser isenta. A opinião é válida dentro do editorial da empresa, mas esta mesma opinião não pode gerar o direcionamento das matérias veiculadas.

A mesma imprensa que informa, às vezes desinforma e confunde a cabeças daqueles que não tem maturidade ou aprofundamento nas questões políticas, sociais e econômicas desta nação continental. O que percebemos dentro dos grandes veículos de comunicação são interesses de grupos se sobrepondo aos interesses da coletividade.

No atual cenário, tentam passar á população que o PT e o Presidente Lula erram na administração pública, e em ações denunciadas de corrupção. Esquecem-se os doutos jornalistas, que no Brasil existe um Estado Democrático de Direito regido por Leis. Algumas destas Leis possuem vigência, mas não são eficazes. Mas existem. E dentro desta vigência ninguém pode sair acusando os outros gratuitamente, pois todos são inocentes até que se prove o contrário. Em relação ao que ocorre no país as investigações ainda estão sendo feitas e ninguém ainda foi condenado.

Mas alguns deste país insistem em condenar previamente pessoas sem um devido processo legal. O PSDB, com apoio de alguns setores oportunistas do empresariado dos meios de comunicação tenta passar uma imagem do mal relacionada à esquerda, e em especial ao Presidente Lula e ao PT. Olhando um pouco o passado, perceberemos que a realidade não é tão pura como os Tucanos insistem dizer, que da qual fazem parte. Em um passado não muito distante, falcatruas ocorreram nos governos do PSDB. Não foram poucas as irregularidades. E neste contexto, a atual imprensa que ataca a esquerda, é a mesma que denunciava os tucanos há alguns anos atrás. Digo isto porque as capas da revista Veja não negam os fatos. Por isto vale a pena reavivar a memória e ver as capas da Veja que seguem em anexo. Não devemos nos deixar levar por falácias, ou por arautos que se dizem agora defensores da ética e da moral na vida pública, destruindo assim os verdadeiros princípios deontológicos.
O argumento correto é que o empresariado dos meios de comunicação está sim preocupado com o futuro. Mas somente com o futuro de seus interesses corporativos.