terça-feira, fevereiro 28, 2012

DESABAFO DE UM NÃO BALZAQUIANO



Aqui, eu, dos meus bem vividos 40 aninhos de idade, venho fazer um desabafo balzaquiano. Um termo que se baseia na obra a “A Mulher de 30 anos”, de Balzac. Já algum tempo este termo sempre foi utilizado para definir homens e mulheres que passaram dos 30 anos, e que poderiam estar na “idade do lobo, ou da loba”, por não terem casado. Ou até mesmo ser usado na acepção pejorativa de que estaria se dobrando o cabo da boa esperança...... ou do desespero.
Embora com 40 anos, idade que há 30 ou 40 anos atrás, era tratada com desdém, me sinto bem jovem fisicamente e de espírito. E percebo que algumas lições dadas no passado pelos mais velhos são a mais pura verdade. A idade trás a experiência. E jovialidade não está relacionada à idade cronológica do ser. Como é comum ver “jovens” de vinte e poucos anos que são verdadeiros anciões em ações e preconceitos. Bom mesmo seria a experiência dos 40 anos com um corpo de 25 anos.
Em recente viagem aos Estados Unidos da América, percebi e comprovei que ainda estou bem jovem. No Estado da Flórida, onde existem as montanhas russas mais radicais do mundo, pude aproveitar bastante e botar a adrenalina para fora, que me resultou até em uma queda, onde sangrei, mas não deixei de curtir as curvas e “loopings” da montanha russa Kraken no Parque Sea World. Ser jovem é um estado de espírito. E isto pude sentir na danceteria que fui e senti o dance music e hip hop bater nas minhas veias. Montanha Russa e Dance Music, só resulta em uma coisa: “Put your hands in the air”. Emoção demais da conta. Para tentar manter mais esta jovialidade decidi tentar parar de fumar. Digo tentar, pois não é fácil, e o primeiro passo já dei.
Outro ponto ligado aos chamados balzaquianos e a juventude, se relaciona a sexualidade. Para alguns algo distante, para outros algo constante. Como já diz a propaganda de uma determinada clínica: “Sexo é vida”! Vou mais além e digo que sexo é vida, alegria, prazer, fantasia, tesão, aventura, e serve até para se criar uma família. Digo isto pois existem famílias que são criadas e que cujo alicerce não é, e nem foi o sexo. Sexo é bom demais, e não se trata de quantidade, mas sim de qualidade. Sexo sem cobrança de ser feito. Sexo com segredos e mistérios. Com gemidos, com pegada, com volúpia. Amo sexo, e amo uma fêmea fogosa, que saiba fazer a coisa bem feita e se entregue, se molhe, gema, e chegue ao êxtase. Não gosto de mulheres frias, frígidas, mal amadas, mal copuladas......Amo a mulher fêmea que te olha nos olhos e diz que me deseja......sem pudores, máscaras, ou falsos moralismos que ainda buscam associar, necessariamente, sexo a amor. Podem eles existirem juntos e separados. Sem falar em belos pares de pernas e de seios. Outro aspecto que me chama atenção neste quesito, é que me sinto jovem em relação as práticas sexuais. Principalmente quando encontro uma parceira fogosa, sensual, cheirosa, inteligente, amiga e que curta o momento de forma intensa. Outra coisa boa é que não precisei do “Medical Boston Group”..... Mas se precisar de um comprimido para que a vida permaneça azul, assumirei e tomarei.
Aqui neste desabafo, reflito também sobre uma coisa que denominarei de “Auto-Reflexo”. O que viria a ser este termo? Ele é muito comum de ser encontrado nas pessoas da atualidade, onde os outros buscam refletir em você, aquilo que eles são. Ou seja, as pessoas julgam você por si próprias, baseadas em seus valores e conceitos pessoais. Seus julgamentos não são feitos de forma empírica, fria, e distante emocionalmente dos fatos. No fundo, quando julgamos o próximo o que fazemos é com base em nossos filtros, nossa ótica, e nossos valores pessoais adquiridos ao longo de uma vida. As vezes o que é bom para alguém, necessariamente não é para outro. Mas as vezes dentro de nossas crenças julgamos o próximo com o seguinte pensamento: “Se eu sou capaz de fazer, ou fiz determinada coisa, acho que aquela pessoa também é capaz". E destaque-se aqui que os julgamentos podem ser para coisas boas, quanto para as ruins.
Quanto a julgamento, sinto isto na pele diariamente. Principalmente por ainda ser solteiro. O fato de não ter casado ainda, ou estar solteiro, não significa necessariamente que eu seja melhor, ou pior do que qualquer pessoa. E também não significa que eu esteja desesperado em busca de alguém. Como também o fato de que muitos amigos de minha idade, já casados, não sejam melhores ou piores do que eu. Sempre gostei de namorar. Mas nunca fui “galinha” de namorar duas pessoas ao mesmo tempo. Não consigo manter uma relação séria com duas pessoas ao mesmo tempo, tendo que utilizar a mentira como ferramenta necessária para a manutenção das relações. O máximo que consegui foi ficar com duas mineiras ao mesmo tempo, onde saíamos os três de mãos dadas em São Paulo, e tudo em uma boa. Como solteiro consegui sim fazer amor com pessoas diferentes e de forma gostosa, mas sem envolvimento emocional. Mas solteiro, como estou agora!
Alguns amigos de minha idade, casaram-se, estavam casados, estão casados, irão casar, ou outra coisa que o valha. Alguns estão separados de fato e de direito. Outros com vários filhos de mulheres diferentes, e alguns com o dever de pagar uma pensão. Opções de vida distintas da minha. Mas nem por isto melhores ou piores. Apenas caminhos diferentes traçados por mim, e por eles. Ou seria pelo destino? Sinto que poucos amigos vivem um casamento bom, real e feliz na acepção final do matrimônio. A maioria vive um casamento de fachada, de conveniências sociais, de interesses.....onde inexiste a felicidade, e em muitos casos convive com a traição.......
Poderia eu estar casado, com filhos. Ah, filhos, um pedaço inexistente de mim que começo a sentir falta....Ao longo da vida namorei diversas meninas. Muitas me apaixonei. Algumas amei, como aquelas com quem convivi mais, e me reservo o direito de não expor seus nomes. Outras conheci, me apaixonei, e amei em silêncio. E não falei que amava, porque muitas vezes era cobrado sobre o sentimento do amor. E sexo e amor, são coisas que não se cobra. Surgem, são feitas e aproveitadas. Amores verdadeiros tive, e foram aproveitados intensamente devido estarem no mesmo “time”. Aprendi ao longo destes 40 anos que a felicidade existe. Mas existe em momentos felizes que são construídos ao longo da vida. E não em uma felicidade constante, algo inexistente, em minha opinião. Estou solteiro no momento por opção, ou condição momentânea? Não sei. Só sei que estou solteiro desde o natal de 2011.
Como solteiro, na atual fase, e nas anteriores, conheci pessoas maravilhosas, que merecem amar e serem amadas. Pessoas com quem vale a pena sorrir junto, acordar abraçado, gozar em uníssono, planejar um futuro, chorar, discutir inteligentemente, ver um filme, dançar, comer pipoca, dormir....Não podemos ficar a sonhar com base no complexo de “Cinderela”, esperando o príncipe ou princesa encantada. Temos que viver momentos bons e intensamente. Outra coisa que prezo e respeito é a amizade verdadeira, pois ela é a base de qualquer relação. Graças a Deus tenho amizade com 99,9% de minhas ex-namoradas. E para os maldosos (as), ter amizade com uma ex-namorada, não significa encontrar sempre com elas e ir para a cama. É sim ter respeito quando se reencontra uma pessoa que já passou em nossas vidas. Como solteiro, e não balzaquiano, tenho ônus e bônus,nesta dialética vida. Do mesmo modo meus amigos casados os têm também. Até mesmo para aqueles amigos e amigas que casaram-se por conveniência. Acredito que é possível casar por amor, e viver até que a morte os separe sim. Após os 50 anos de idade, onde o sexo não será mais a base da relação, e sim o amor e o bom papo.
Em uma sociedade moderna como a que vivemos a tecnologia, nos aproxima, mas também nos afasta. Em 1994, eu ouvi falar do termo “Democratização dos Meios de Comunicação”. Hoje isto já é uma verdade, principalmente devido a internet, onde todos se encontram, se falam, se expõe, e se comunicam. Com a popularização da internet, as fronteiras diminuíram, e aquelas pessoas que poderiam estar mais distantes estão mais próximas. Ao mesmo tempo, aqueles que aderiram às redes sociais, acabam por expor sua vida privada aos quatro cantos. Namoros surgem na net. Relacionamentos se acabam pela net. Julgamentos se baseiam nas redes sociais. Enfim, a net, no contexto das relações acaba se tornando uma extensão da vida real sem bits ou bytes. Desde o início da popularização da Net no Brasil no início da década de 90, a utilizo como ferramenta de aproximação das pessoas. Hoje o grande produto utilizado, e que do qual faço parte, é o Face Book. Nele interagimos, conversamos, discutimos e até julgamos. Como jovem, que me sinto e sou , acho que é necessário nossa atual sociedade dominar as novas tecnologias, redes sociais, e internet. Mas também não é pecado, ou errado, não gostar de tudo isto que se resume a Twitter, You Tube, Facebook. O certo é que usar redes sociais nos levam a sair do anonimato para a “publicidade da mediocridade”. Como tal, sei que é público o que posto no Facebook e que poderei sofrer conseqüências do que eu publicar ou comentar. Mas o que não podemos é ficar utilizando a nossa “inteligência” para ficarmos imaginando o que bem quisermos nas redes sociais, com base no que vimos. A imaginação do ser humano é bem desenvolvida, e dos seres femininos, mais fértil ainda.
Resumindo tudo isto, sei que o que desejo é estar ao lado de alguém especial para viver bons e maravilhosos momentos felizes, sem julgamentos, cobranças, neuras, imaginações, e outros aspectos que levem a discussões, separações, distanciamentos. O certo é que os verdadeiros balzaquianos, são aquelas pessoas rancorosas, mal amadas, infelizes, neuróticas, e que em vez de buscarem construir momentos felizes, sempre buscam uma agulha no palheiro para atormentar e criar situações, baseadas no aspecto da propriedade corporal e mental de quem gostam. Ninguém é propriedade de ninguém. Neste sentido chego a conclusão de que sou muito jovem ainda, e que ainda desejo descer muitas montanhas russas na vida. Com alegria e um sorriso nos lábios.