quarta-feira, fevereiro 21, 2018

DEMISSÃO DA VIDA

Ontem, dia 20 de fevereiro tive a triste notícia de perder de forma trágica um colega de trabalho, um amigo, Agostinho dos Santos, que recebeu a Demissão da Vida. Como Jornalista de Televisão passei por diversas emissoras, e tive diversas oportunidades de conviver com o profissional Agostinho dos Santos. Um cara simples, de sorriso fácil, de tiradas jocosas, brincalhão, piadista, e disposto a fazer seu trabalho. Em trabalho rimos muito. E ele em suas brincadeiras gostava de tirar onda comigo dizendo que eu era o Advogado dele, e que se um dia precisasse me perturbaria. Pois é......isto não aconteceu O meu companheiro de trabalho se foi de forma abrupta e violenta. Aqui nesta dimensão como Jornalista diria a seguinte manchete: “Paraíso recebe cinegrafista para registrar momentos divinos”. Como Advogado peticionaria ao Senhor Nosso Deus para que receba este amigo em sua luz, amor e bondade.
Como a vida é efêmera e passageira. Hoje estamos aqui, amanhã podemos não estar mais. Ao nascermos ganhamos a luz da vida. Mas ao mesmo tempo, ganhamos uma seguidora que nos segue. Levamos a vida no dia a dia de modo normal, e muitas vezes esquecemo-nos que a Morte está ao nosso lado. Como seres finitos, desde que nascemos morremos a casa dia, cada hora, cada minuto e cada segundo. Esta experiência terrena deveria servir-nos para evoluirmos, desapegarmos, amarmos e crescermos como seres criados a imagem e semelhança de Deus. Mas muitas vezes, na escuridão de nosso egocentrismo esquecemo-nos do que seria mais importante em vida, e matamos nossa missão com base em coisas negativas e improdutivas, e sequer valorizamos as amizades daqueles que passaram por nossas vidas. Na verdade Agostinho não morreu. Nasceu para o mundo espiritual. E o resto é melhor falarmos pessoalmente, um dia, quando nos encontrarmos.
A morte do amigo Agostinho dos Santos em um trágico acidente de carro me leva também a uma reflexão profissional de algo que passei durante trabalho, e que também poderia ter ceifado a minha vida, e de nossa equipe. Em determinada emissora de Fortaleza fui designado, juntamente com um motorista e um cinegrafista para fazer uma pauta no interior do Estado. Na viagem na BR 222 um dos pneus do carro de reportagem estourou, e por pouco não capotamos e morremos. Consertamos o pneu, fizemos a matéria, retornamos à emissora cumprindo nosso dever jornalístico e profissional. No mesmo dia, preocupado com a situação que poderia atingir a qualquer profissional da emissora, relatei o fato via e-mail (que guardo comigo até hoje em minha conta) para o diretor de jornalismo à época. Sobre o pneu estourado disse-lhe via e-mail: “Inadmissível, com certeza, é o responsável pelo transporte não está verificando os carros da empresa antes de uma viagem, ou de uma grande cobertura na cidade. Ele é pago para isso. E a verificação dos carros pode ser feita diariamente.”. E diante desta minha preocupação com a segurança de minha equipe de reportagem, além de uma pífia resposta deste “diretor” de jornalismo, ganhei algo a mais por isto: Diante da irresponsabilidade de alguns, fui Demitido da emissora, mas não recebi naquele incidente a Demissão da Vida. Espero que seja sempre resguardada a segurança de nossos colegas de imprensa quando estiverem trabalhando.