quarta-feira, maio 13, 2015
LIBERDADE DE ESCRAVOS?
Hoje é uma das datas mais importantes para o povo brasileiro. Dia 13 de maio, Dia da Abolição da Escravatura. Mas será realmente que realmente os escravos foram libertados no Brasil. Creio que não! O que antes chamávamos de escravatura, era uma prática abominável onde as pessoas de origem afro, e pele escura, eram subjugadas e obrigadas ao trabalho forçado. Tudo isto por que alguns se julgavam superiores pela “cor” da pele branca, pelo “status” social, e pelos bens possuídos, com o grande apoio de países europeus que durante anos apoiaram o tráfico negreiro.
Na data de 13 de maio de 1888, chegou ao fim o trabalho escravo no Brasil após a assinatura da Lei Áurea. Com a abolição, os escravos libertados tornaram-se iguais perante a lei. Entretanto eles não tiveram direitos garantidos e nem foram bem aceitos na hipócrita sociedade brasileira, bem diferente do que ocorreu nos Estados Unidos da América. No Brasil os afros-descendentes foram abandonados pelo poder público, e as conseqüências perduram até hoje em nossa sociedade que finge não ser racista ou preconceituosa.
O que mudou foi apenas a estrutura, ou nomenclatura jurídica. Não temos mais no Brasil, com raras exceções no campo, o que é conhecido como escravidão. Esta caracterizada pelo trabalho forçado, falta de remuneração, maus tratos, e ausência de direitos sociais como saúde e educação. Os anos passaram, e os descendentes dos escravos brasileiros, e outros mais, vivem a pós-modernidade da escravidão.
Caracterizo a pós-modernidade da escravidão como a exploração do trabalho de pessoas humildes que recebem apenas R$ 788,00. Uma quantia insuficiente para garantir o consumo de bens de primeira necessidade como moradia, alimentação, educação e saúde. No que se relaciona à moradia, muitos ainda vivem em favelas que tiveram suas origens ainda no século XIX com os primeiros cortiços. Alimentação boa com um salário mínimo, algo impensável principalmente para quem vive nos centros urbanos. Educação em escola de qualidade, um sonho impossível; pois o filho de assalariado é obrigado a freqüentar a péssima escola pública brasileira. E em relação à saúde, resta orar a Deus pedindo para não adoecer, pois se isto ocorrer já sabemos as conseqüências na ineficaz rede pública de saúde.
Com o fim da escravidão no século XIX, já perto do fim da monarquia no Brasil, também foram desaparecendo alguns poucos status da nobreza e da aristocracia. Mas o sentimento de aristocracia ou de nobreza ainda permanecem no imaginário coletivo da maioria dos brasileiros, que desejam ter empregados domésticos sem lhes garantir seus devidos direitos, mesmo com a recém editada “Lei das Domésticas”, avanço tardio no ordenamento jurídico trabalhista.
Muitos dos ocupantes de cargos comissionados, funções públicas ou cargos eletivos nas três esferas de poder, não possuem sensibilidade em relação às camadas mais humildes da população, que sofrem no dia a dia um abandono do poder público, muito parecido com o que existia no fim da escravidão no Brasil. Estes agentes públicos preocupam-se muito mais com suas posições na máquina pública e suas remunerações, do que bem servir à população. São a “aristocracia e nobreza” do século XIX.
Faço este desabafo pois me orgulho de ser afro-descendente, acreditando que a “cor” da pele não pode influenciar o destino do ser humano. E que neste país o único caminho para termos realmente a liberdade de nosso povo é proporcionarmos uma educação de qualidade ao nosso povo, gerando assim a plena e efetiva cidadania. Se não ocorrerem reais e concretos investimentos em educação, continuaremos a viver em um país de exploração da mão-de-obra, grande exclusão social, excessiva carga tributária, precária prestação de serviços públicos, e paraíso da impunidade e corrupção. Liberdade de Escravos? O certo é que passados 127 anos do fim da escravidão no país, continuamos escravos de um sistema oriundo ainda no Brasil Colônia, só que agora institucionalizado e legalizado!
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