segunda-feira, janeiro 09, 2012
O CAOS DA FALTA DE SEGURANÇA EM FORTALEZA
Parece que a greve dos Policiais Militares acabou finalmente. E para este resultado positivo tivemos o apoio de várias entidades da sociedade civil, incluindo a nossa OAB Ceará. Mas as seqüelas deste movimento ficaram. Muitos foram os que espalharam boatos na internet. Mas muitos também foram aqueles que insistiam em defender, demagogicamente, o governo que demorou a negociar, chegando a afirmar que os arrastões e o aumento da violência em Fortaleza eram apenas boatos da mídia e de desocupados. Isto sem falar, que pessoas como o apresentador do CQC, Marcelo Taz, ficou fazendo nacionalmente pelo twitter piadas de mau gosto com a situação dos fortalezenses.
Só sabe da realidade quem passa por ela. Muitos foram os relatos que recebi por telefone e pela internet de pessoas próximas, que testemunharam ou foram vítimas do caos na segurança pública do Estado do Ceará. Até mesmo eu vivi isto de perto. À tarde, um funcionário da OAB foi ameaçado por um marginal com uma faca em frente à sede da entidade. Sua sorte foi o segurança armado que o livrou do pior. A violência e aumento dos números de práticas criminosas foram reais.
Mas só sentimos a força deste mal que assombrou nossa cidade, quando chega à nossa família. Ao nosso sangue. E digo isto, pois as conseqüências desta greve, que entendo como justa, também chegaram à minha família. Na noite de terça-feira, 03/01, recebi uma ligação informando que a casa de minha tia, uma senhora idosa de 73 anos, foi arrombada pelos bandidos soltos na cidade. Logo o medo chegou. Mas devíamos, mesmo sem apoio ou segurança, ir ao local averiguar, e tentar buscar uma solução para fechar o imóvel que fora arrombado. Ligamos para o CIOPS, mas nada de apoio. Só contamos com a ajuda de um oficial próximo à família que enviou dois soldados armados, que nada puderam fazer.
Dói no coração ver o que vimos. Uma casa revirada de cabeça para baixo. Roupas pelo chão, uma janela arrombada. Pequenos bens comprados ao longo de uma vida de muito suor, nas mãos de bandidos. Objetos sem valor material, apenas sentimental surrupiados. Mas o pior seria ver a imagem triste de uma senhora solteira, sem filhos, ao perceber chorando que seu humilde lar fora violado. Ainda bem que a mesma estava conosco em outro local, e não sofreu conseqüências físicas ou violentas.
Muito se falou de forças de apoio para a segurança da cidade. Mas nos demais bairros da cidade nada de Exército, nem de Força Nacional. Chamar o Exército e a Força Nacional para situações como estas é necessário. Mas em Fortaleza, na verdade, só contribuiu para queimar a imagem do nosso Exército Brasileiro, que foi utilizado de forma política e midiática para gerar uma falsa sensação de segurança. Eles estão aqui, mas foram utilizados para fazer policiamento em zonas nobres, e onde moram nossos “governantes”.
Passado o susto, pois o medo continua, ficamos a nos questionar: Quem arcará com as conseqüências deste movimento grevista que demorou muito para se chegar a um acordo? Terminou uma greve da Polícia Militar, e começa a da Polícia Civil. E não temos nem a quem fazer um simples e ineficaz BO – Boletim de Ocorrências. Já está na hora de refletirmos que sociedade queremos. E a sociedade que queremos, passa pela escolha daqueles que irão nos representar e governar os destinos de cidades e estados.
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