sexta-feira, março 23, 2012
Rodovia da Incoerência
Desde os meus 10 anos de idade, conheço o trajeto e as facetas da CE- 040. Uma rodovia estadual que liga a capital Fortaleza ao bucólico município de Aracati, e que onde já perdi parentes em acidentes. Com familiares em Cascavel sempre passamos por aquela via, antes estreita, perigosa, e intrafegável nos carnavais. Os anos se passaram, e os investimentos cresceram em torno da rodovia do litoral leste. Sua primeira duplicação se deu ainda no Governo Ciro Gomes, na sua parte urbana, denominada de Avenida Washington Soares. Em seguida, veio a segunda etapa até o município de Eusébio, e a terceira até a entrada da Praia do Iguape. A meta é chegar com sua duplicação até Aracati, no cruzamento com a BR 304. Estamos mais perto desta realidade com a entrega da quarta etapa da duplicação, feita neste início de 2012 pelo Governo Cid Gomes. Sempre fico orgulhoso ao ver nossos impostos serem empregados em obras de infra-estrutura que ficam para o futuro. A nova duplicação da CE-040 passa por fora das cidades de Cascavel e Beberibe, proporcionando assim maior segurança para motoristas e pedestres das zonas rurais dos municípios. Na obra o asfalto parece ser bom, existe um planejamento de traçado melhor do que as etapas anteriores.
A duplicação que teve recursos na ordem de R$ 40 milhões, oriundos do Tesouro Estadual, do Ministério de Turismo (Mtur) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através do Programa de Desenvolvimento de Turismo, possui uma grande incoerência que é fruto de um planejamento de trânsito questionável. Em recente viagem para Aracati, pude contar em um trajeto de 140 kilômetros 26 fotossensores, que multiplicados por 2 chegam a 52 unidades. Um verdadeiro absurdo! Não somos, de forma alguma, contra a instalação dos equipamentos na rodovia. Mas somos completamente contra a forma como se deu este processo incoerente de instalação de fotossensores, que levam a uma conotação arrecadatória de multas por parte do Governo do Estado.
A incoerência do planejamento da nova etapa de duplicação da CE-040 é tão grande por diversos aspectos. Primeiro, não há de se conceber que uma rodovia duplicada que, por lógica, seria para o trânsito fluir melhor, seja em quase sua totalidade demarcada por uma velocidade máxima de 60km/h. Vejamos os exemplos de rodovias do sudeste do país, e até mesmo de países como os Estados Unidos, onde a velocidade média é de 110km/h. Sei que nossa CE-040 passa por algumas comunidades à beira da pista, ao contrário das de lá; mas aqui deveríamos ter passarelas, e não fotossensores. Parece até que a instalação destes fotossensores foi feita para aumentar o faturamento comercial dos fornecedores. Digo isto pois em trechos desprovidos de quaisquer adensamentos populacionais existem equipamentos instalados, como no caso do trecho em Cascavel que leva ao acesso à CE 253 em direção à Guanacés e Pacajus.
O caso comprova mesmo a existência de incoerência na execução da via, ao observarmos outros detalhes ao longo de seu percurso. Em determinados trechos existem placas amarelas de advertência para passagem de pedestres onde não existem fotossensores, faixas, ou qualquer alma viva para cruzar a pista. Em outros existem comunidades, mas inexistem equipamentos. Um outro aspecto que também muito me chamou atenção foi que em determinados locais onde foram instalados os equipamentos não existem faixas de pedestres, e em outros a faixa de pedestre existe apenas de um lado da pista duplicada, pois no sentido contrário não existe.
Na região de Cascavel, por onde passa a nova CE-040 devidamente duplicada existem a interligação com duas outras rodovias estaduais. A CE-253 que liga Cascavel à cidade de Pacajus, passando pelo distrito de Guanacés. E a CE-350 que faz o acesso de Cascavel à localidade de nominada de Coluna, às margens da BR-116, passando pela comunidade da Preaoca. A diferença entre a CE-253 e a CE-350 é apenas porque a primeira não foi reformada, enquanto que a segunda possui asfalto novo. Mas existem diversos pontos em comum. Ambas rodovias passam por diversas comunidades, e não possuem nenhum fotossensor ou uma boa sinalização vertical. Na CE-350 não existe nem placa indicando limites de velocidade, e na CE-253 restam apenas lombadas físicas na pista. Ao final de tudo, concluo que a rodovia da incoerência pode até estar coerente. Mas somente com a lógica de faturamento de alguma pessoa jurídica, seja ela pública, ou privada. Seja por aumento de multas, ou por venda de equipamentos.
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Um comentário:
A minha vida gira ao redor da CE 040, pois possuo atividades residenciais, de lazer, comerciais, afetivas e políticas em todos os Municípios servidos pela rodovia, com exceção do Fortim. Os fotossensores infelizmente são neçessarios. Não os vejo como fonte de arrecadação, mas como necessários ao controle da velocidade. Os acidentes diminuíram consideravelmente. Faz tempo que não vejo um morto na estrada CE 040. As vezes não vemos adensamentos populacionais mas eles existem dentro dos matos. Parabéns ao Governo do Ceara.
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