segunda-feira, outubro 29, 2012

UM DESABAFO PÓS ELEIÇÃO PARA QUE SE BUSQUE A COERÊNCIA

Passadas as eleições devemos fazer algumas reflexões sobre a mesma. E eu o farei, do ponto de vista de minha vida política, de meu aprendizado, e com base nas críticas que vimos e recebemos na campanha. Tivemos um segundo turno entre dois partidos que tinham candidatos a prefeito de Fortaleza, no caso o PSB e o PT. Mas esta disputa foi além disto, foi além dos partidos. Ela na verdade foi entre o grupo da Prefeita Luizianne Lins e o grupo do Governador Cid Gomes. Para alguns esta disputa pode ter sido de farinha do mesmo saco, pois antes PSB e PT caminhavam de mãos dadas, em Fortaleza e no Estado, sem falar das alianças no Governo Federal. Tanto é que o PT mantém três secretários no Governo de Cid Gomes. Este fato foi questionado por poucos durante a campanha, e que cuja resposta de ambos os lado foi apenas o silêncio. Vejo esta campanha como a vontade de Fortaleza querer mudanças. Pois ao longo de 8 anos a prefeita Luizianne Lins ficou muito mais no discurso, do que na prática efetiva tendo em vista que diversas promessas de campanha não foram cumpridas pela mesma e pelo seu grupo. O incrível é relembrar que até pouco tempo tínhamos uma administração municipal alinhada com os Governos Federal e Estadual,o que possibilitaria resultados mais efetivos que não aconteceram. Lembro aqui de minha origem de militante político que ainda se deu em 1989, quando votei pela primeira vez em Lula. Depois foi mais intensificada, nos Centros Acadêmicos Tristão de Atahayde do Curso de Jornalismo da UFC e Pontes de Miranda do Curso de Direito da UNIFOR. Antes mesmo de me filiar ao PT, já participava de movimentos do partido, pois tínhamos a fé e a esperança de vencermos o medo, com a eleição de Lula, o que se consolidou apenas em 2002. Este cidadão teve seus méritos para chegar aonde chegou, principalmente devido a sua origem humilde. Os anos passaram e Luizianne Lins foi forte e corajosa, o que deve ser ressaltado e admirado, pois enfrentou vontades contrárias e decidiu ser candidata a Prefeita de Fortaleza, chegando no final da disputa vitoriosa, e depois chegando a reeleição. Tanto a eleição de Lula, quanto a de Luizianne foram fruto da militância combativa do PT. Uma militância que muitas vezes fazia vendia rifas, comprava material de campanha, para fazer valer a esperança de termos uma política diferente. Como filiado tiver oportunidade de trabalhar em mandatos petistas como assessor e aprender com pessoas como Nelson Martins, e José Maria Pontes, este último maior exemplo de coerência política que vi no PT. Não sou de esconder meu passado, mas aprendi cedo a pensar por si próprio e ter coerência dos fatos. Entretanto, aqui não se pode confundir gratidão de ter trabalhado assessorando alguns petistas como Nelson Martins, ou projetos como da SER VI e Programa DST AIDS na SMS – Secretaria Municipal de Saúde com acefalia, que leva a não ter opinião própria nas análises. Sou coerente, e tenho gratidão por ter trabalhado com um grande parlamentar de luta Nelson Martins, antes de ser Líder do Governo de Cid Gomes, e ser atual secretário de governo dele. E digo ainda, os bons momentos de coerência do passado sempre ficarão guardados em minha mente, pois lutamos contra o descaso da administração de Juraci. Mas não aprendi nada com Lula, aprendi em casa, que coerência, verdade, honestidade podem ser utilizadas para mudar este país e beneficiar a todos. E não pensar egoisticamente para se manter em cargos. O PT que chegou ao poder, foi fruto de um sonho que não foi sonhado sozinho. Foi sonhado coletivamente e se tornou realidade. O tempo passou. E começamos a ver que o PT de outrora começou a enveredar pelo lado negro da força. Seja pelos escândalos de corrupção em Brasília, seja pela ineficiência administrativa na quinta maior cidade do país. O produto partidário que eu havia “comprado”, não mais existia. Ideologias jogadas ao limbo, valorização do fisiologismo e paternalismo. Como outros companheiros, nos sentimos ludibriados, e sem espaço naquela agremiação, o que nos fez abandonar o sonho em 2009, e a nos desfiliar em 2012. Aqui digo a todos os meus amigos e amigas petistas, que as instituições são maiores que as pessoas. E o PT já deu uma parcela de contribuição na história deste país. Também digo aos ex-companheiros e ex- companheiras de partido, que acredito que dentro de seus quadros, o PT ainda possui homens e mulheres que valorizam a honestidade. Militantes que ainda sonham com mudanças maiores para esta cidade, este estado e este país, mas não do jeito que o Lula ensinou recentemente. Mas com garra, determinação, coragem, honestidade, comprometimento, e eficiência. Podem ser poucos, mas estes homens e mulheres de bem ainda existem e respeito-lhes. O PT ao longo de sua história partidária, sempre buscou ser o partido que lutava pela moralidade, pela honestidade, contra a corrupção, a favor dos mais humildes, pelas conquistas sociais. Lembro-me bem como nos orgulhávamos dos embates travados na velha Câmara Municipal na Antonele Bezerra, onde nomes como Nelson Martins, José Maria Pontes, Durval Ferraz, e até a própria Luizianne, se destacavam como oposição ao sistema existente na prefeitura da época. Mas isto é passado. Luizianne Lins se tornou prefeita, e acabou fazendo bem menos que Juraci Magalhães. Nelson Martins, de combativo legislador municipal na vereança, foi eleito deputado estadual, e depois guindado a Líder do Governo de Cid Gomes, que antes era opositor do PT. Mesmo passo seguido depois pelo petista e deputado suplente, Antônio Carlos. Ah, “a política é dinâmica”, como já dizia o ex-governador Gonzaga Mota. Mas um pouco de coerência é sempre bom. Nesta campanha fiquei impressionado com os questionamentos que recebi de amigos que permanecem no PT, e que do alto de suas miopias partidárias quiseram me questionar, atacar, denegrir, por eu estar decidido a votar em Roberto Cláudio, pessoa que conheço pessoalmente desde os bancos escolares no Colégio Militar de Fortaleza, onde estudamos. A democracia se torna mais linda, quando sabemos respeitar a opinião alheia em relação aos mais diversos temas da sociedade. Após o primeiro turno, já estava decidido em votar em Roberto Cláudio, por razões já explicitadas acima, e por minha decepção com os rumos tomados por alguns gestores do PT. Com a decisão do PPL – Partido Pátria Livre, do qual faço parte em aderir a campanha do PSB, fiquei mais a vontade ainda. Jamais, nós que amamos a vida pública, podemos impor nossas crenças e opiniões às demais pessoas. Podemos sim, manifestar nosso pensamento que deve ser livre e sem cabrestos. Logo decidimos nos manifestar no Facebook, e uma ajuda importante nos foi dada pela própria madrinha do candidato petista, Sr. Elmano de Freitas, ao chamá-lo de poste. Este fato acabou por criar dois aspectos. Primeiro o nascimento de um novo personagem do folclore político de nossa cidade, que ficará ao lado do conhecido bode Yoyô, no caso o poste. O bom humor do cearense soube aproveitar o tiro no pé dado pela prefeita Luizianne Lins. E o segundo, foi subestimar o eleitor de Fortaleza, com uma frase arrogante de que ela, se quisesse, elegeria até um poste sem luz. Um absurdo, pois as pessoas ainda pensam. Logo os petistas mais aguerridos e grudados a gestão começaram a chamar os eleitores de Roberto Cláudio, de ricos, burgueses, entre outros adjetivos. Muita é a pretensão petista em querer desmerecer aqueles que pensam com este discurso da época da fundação do partido na década de 80. Outro aspecto interessante, foi o patrulhamento ideológico de alguns que ficam a condenar certas manifestações na internet. E fica a pergunta: E a liberdade de expressão onde fica? As pessoas são livres para pensar e se manifestar. Do mesmo modo que eleitores de Roberto Cláudio chamavam de poste, o candidato da prefeita; os eleitores do senhor Elmano de Freitas chamavam Roberto Cláudio de Pote e pingüim. Mas aqui com uma grotesca diferença. Qualquer candidato de Luizianne seria o poste. E o governador Cid Gomes não disse que elegeria um pote, ou um pingüim denegrindo a imagem do candidato do PSB, como foi feita com a imagem do candidato do PT, e por uma senhora que além de política, prefeita, ainda é jornalista e professora do curso de comunicação da UFC. Como entender? Triste é ver que passada a campanha eleitoral, alguns que se diziam nossos amigos, e que compartilhavam conosco a nossa rede virtual do Facebook, nos excluíram. Fato este que demonstra alguns aspectos. Primeiro que nunca foram amigos verdadeiros. Segundo que não sabem perder. Terceiro, que misturam política com amizade. Quarto, não sabem respeitar a opinião dos outros. Quinto, estavam talvez mais preocupados com suas relações empregatícias na atual gestão, do que com as mudanças na cidade. Interessante notar que ao longo da campanha nunca colocamos nossa opinião pessoal no mural de ninguém no Facebook, ficando restrito apenas ao nosso espaço, o que é por demais legítimo. Mas mesmo assim esta situação gerou desconforto em alguns, que vieram invadir nosso espaço e manifestar suas opiniões, que soubemos respeitar, e não deletamos. Como não houveram casos graves, nem deletamos estas pessoas. As estratégias foram muitas de ambos os lados. Mas os petistas tentaram fazer ressurgir um velho discurso que não funciona mais, pois os tempos mudaram. O discurso de que a candidatura de Roberto Cláudio seria a candidature das elites, dos ricos, da burguesia. Uma mentira pois encontrei diversas pessoas humildes como guardores de carros, vendedores de picolé, que também votaram no candidato do PSB.Além de amigos que como eu são de classe média. Também utilizaram-se do discurso de que o candidato Roberto Cláudio seria o candidato das oligarquias. Antes de analisarmos este fato temos que saber primeiro o que significa oligarquia. Na ciência política, oligarquia (do grego ολιγαρχία[1],literalmente, "governo de poucos") é a forma de governo em que o poder político está concentrado num pequeno número de pessoas. Essas pessoas podem distinguir-se pela nobreza, a riqueza, os laços familiares, empresas ou poder militar. Se o candidato Roberto Cláudio fosse considerado como representante de uma oligarquia da família Ferreira Gomes, o candidato Elmano de Freitas também pode ser considerado como representante da oligarquia petista da tendência da Prefeita Luzianne Lins, que é denominada de DS – Democracia Socialista, que impôs sua vontade em ter seu candidato como ungido, e relegando a segundo plano bons nomes como Artur Bruno, que teria um diálogo e melhor articulação em diversos setores da cidade. Mas a miopia da centralização de poder de decisão nas mãos de poucos levou a isto. Se alguns dos arrogantes petistas tivessem se aberto ao diálogo de forma mais democrática poderiam ter vencido, ou ter tido uma derrota com menos desgastes. Temos que convir que não foi uma vitória folgada. Mas como vitória de outro projeto deve ser respeitada pelos adversários. Temos que ter consciência de que a votação de Elmano de Freitas com 46,98% representando 576.435 votos deve ser respeitada também pela nova gestão, que como já disse Roberto Cláudio chamará o PT para o diálogo. Mas o mesmo PT, do alto da arrogância vem se manifestar no primeiro dia pós-eleição que não aceita o resultado, e que vai questionar na justiça pedindo apuração de irregularidades. Além de não aceitar uma derrota digna, pois perdeu com uma diferença de apenas 6% dos votos válidos, agora tenta, como sempre, ganhar no grito e no tapetão. Na vida nem sempre se ganha, nem sempre se perde, mas aprendemos a jogar. O PT se quiser sobreviver em Fortaleza após a lastimável administração da senhora Luizianne Lins, e do rescaldo do Mensalão com suas condenações, tem que se renovar, com diálogo e valorização de aspectos mais ideológicos e éticos. Digo isto pois esta derrota não foi uma derrota do PT, mas sim uma derrota de Luizianne Lins e de alguns que a cercam. Foi a vitória que venceu a arrogância, a prepotência, o despreparo de gestão da quinta maior cidade do país. Chama-nos a atenção que após as eleições municipais, tanto Elmano de Freitas, quanto Luizianne Lins, afirmaram a imprensa que iriam questionar internamente dentro do PT as relações de acordos com o PSB de Cid Gomes. Isto é válido. Embora saibamos que para determinados cenários de governabilidade se faz necessário alianças políticas e partidárias, é incoerente o Partido dos Trabalhadores ter batido direto no Governador Cid Gomes, e insistir em manter em seu governo três secretários estaduais. No caso Nelson Martins – Secretário de Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana – Secretário de Cidades, e Francisco Pinheiro – Secretário de Cultura. O mesmo PT chegou a questionar o licenciamento de Cid Gomes, fazendo críticas ao Governo do Estado em relação a seca que ocorre no interior, mas esqueceu-se de seu telhado de vidro, pois os secretários de Cidades e de Desenvolvimento Agrário, ambos do PT, estão em pastas bem ligadas a problemática da seca no Ceará. O certo é que este assunto do secretariado foi esquecido pelos dois lados. Destaco que senti falta dos dois lados, do vencido e do vencedor, de não terem abordado na campanha um tema de fundamental importância para uma nova administração no Poder Executivo, que se relaciona a questão da corrupção. Este é sem dúvida o maior entrave no desenvolvimento da unidades federativas deste país, e que vem consumindo verbas que eram para ser melhor aplicadas no social, com destaque para a educação, onde professores devem ter a sua devida valorização e alunos condições dignas de aprendizagem de modo que sejam formados cidadãos pensantes, e não apenas seres que saibam ler e escrever, mas que desconhecem a interpretação de fatos do cotidiano. Abordar na campanha a questão da corrupção, seria por no debate aspectos da administração pública como os princípios da moralidade, publicidade, eficiência, legalidade, e impessoalidade. Principalmente porque na gestão que se finda, foram formados bolsões de terceirizados, e houve nepotismo cruzado entre poderes. Espero também que alguns petistas fisiológicos, e outros quem nem são filiados ao PT, que trabalham na atual gestão, sejam coerentes e saibam manter suas críticas e opiniões em relação ao governo de Roberto Cláudio.E também não queiram ficar amarelinhos, de modo oportunista, para manter seus cargos e empregos na Prefeitura de Fortaleza. Aqui coerência também faz bem em não deixar o vermelho amarelar. Finalizando este texto, fico na expectativa de que o PT amadureça, que os amigos e amigas que estão por lá saibam manter as amizades, e separar das mesmas a paixão política. E torço e espero que Roberto Cláudio faça uma boa administração e cumpra o que fora prometido ao longo da campanha. Que seus compromissos não seja Promessas Santas, e que cada cidadão e cidadã desta cidade, possa fiscalizar nossa nova administração. Eu votei em Roberto Cláudio, apoio sua gestão que se iniciará e torço para que avance em prol dos mais carentes. Que conclua obras, que mantenha ações sociais já desenvolvidas pela gestão que se finda, que cuide de nosso povo como um todo de forma igual, sem beneficiar grupos. A oposição deve fazer seu papel de fiscalizar, mas não deve torcer contra. Torcer contra a administração nova que se iniciará, é torcer contra o desenvolvimento de Fortaleza. No mais é seguir em frente, e ter a certeza que mudanças para melhor sempre são possíveis, e que na vida a única certeza e verdade absoluta existente é a Morte. E é na morte do velho que surge o novo. Avante, e que Deus abençoe esta cidade.

Um comentário:

Chagas NETO disse...

O homem lúcido

O homem lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que nunca se entusiasma com ela, assim como não teme a morte. O homem lúcido sabe que viver e morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a Vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um mal.

O homem lúcido sabe que é o equilibrista na corda bamba da existência. Sabe que, por opção ou acidente, é possível cair no abismo, a qualquer momento, interrompendo a sessão do circo.

Pode também o homem lúcido optar pela Vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades. Passeará por seu campo aberto e por suas vielas floridas. Saberá ver a beleza em tudo. Terá amantes, amigos, ideais. Urdirá planos e os realizará. Resistirá aos infortúnios e até às doenças. E, se atingido por algum desses emissários, saberá suportá-los com coragem e mansidão.

Morrerá o homem lúcido de causas naturais e em idade avançada, cercado por filhos e netos que seguirão sua magnífica aventura. Pairará então, sobre sua memória uma aura de bondade. Dir-se-á: aquele amou muito e fez bem às pessoas.

A justa lei máxima da natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem iguale-se sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis. O homem lúcido que optou pela Vida, com o consentimento dos Deuses, tem o poder magno de alterar esta lei. Na sua vida, os acontecimentos favoráveis estarão sempre em maioria.

Esta é uma cortesia que a Natureza faz com os homens lúcidos.

texto Caldaico(*) do VI século a.C.