domingo, janeiro 05, 2014

Enfim, sou privilegiado e rico... Nada mais.

Na vida realmente só existem duas situações nas quais ficamos mais ricos ao gastarmos nosso suado dinheiro ganho neste país. A primeira é quando viajamos. Como é bom viajar! Conhecer novas culturas, novos locais, fazer amizades fora de nossa zona de conforto. Apreciar sabores da culinária e das bebidas das terras que conhecemos. Guardar na memória, e nas fotos, os momentos únicos vivenciados sozinhos ou acompanhados. A segunda situação em que gastamos nosso tempo concentrado, pois é assim que definiria o dinheiro, é quando estudamos e ampliamos a nossa cultura. Através da leitura, dos novos conhecimentos adquiridos nos bancos escolares, conseguimos também dar asas à liberdade e voar em uma viagem. Esta às vezes preliminarmente onírica, mas que se for perseguida torna-se real. Eu me sinto privilegiado por desde cedo ter descoberto que as viagens e os estudos nos tornam mais ricos e livres. As viagens são profundas. Elas começam logo cedo ao nascermos e sairmos do ventre materno para conhecermos este mundo e a luz. Viagens não são apenas a que fazemos para conhecer cidades, estados, países. Viagens fazem parte de nossa história de vida e que nos remetem às estórias de vida. Nestas indas e vindas de viagens de vida, existiu o momento de decidir o que fazer como labor. A família queria Medicina. Mas a paixão pelas ciências humanas e sociais falaram mais alto. Me decidi por duas profissões irmãs siamesas. Direito e Jornalismo. Ou seria Jornalismo e Direito? No princípio fui questionado porque desejara fazer duas faculdades. E os leigos em escolhas na vida ainda insinuavam que as mesmas não se completavam e que deveria eu fazer apenas uma delas. Outros ainda tinham a visão de que o Direito se relacionava apenas à advocacia ou à magistratura. Alguns viam o jornalismo apenas como instrumento de divulgação dos fatos do cotidiano. Como estavam enganados. Desafiei e segui em frente amando os dois cursos escolhidos e concluídos. Já nos bancos acadêmicos descobri premissas básicas que unem as duas profissões, e divergem de seus conceitos formais. Que necessariamente quem faz Direito não necessita advogar. E quem faz jornalismo não se obriga a somente divulgar os fatos do cotidiano. No Brasil, as duas profissões em seus valores e características se fundem. Em um passado não muito distante, eram os rábulas e advogados militantes que escreviam nos tabloides da época. São duas profissões que se obrigam a ter que labutar com, pelo menos, dois lados, duas opiniões, duas situações de um antagonismo entre fatos jurídicos ou jornalísticos. A eterna busca de uma verdade; se é que a mesma existe. Uma coisa é certa em relação a estas duas ciências humanas. As mesmas ajudaram-me a ter uma visão mais crítica da vida, das artes, da política, da justiça; enfim, da sociedade e de suas mazelas. Os anos passaram-se. As aulas na faculdade terminaram. Comigo ficaram as lembranças de mestres, colegas de aula, e aprendizados. A viagem prosseguiu. E ao longo da viagem da vida não esperamos por coincidências ou reencontros. Mas estes acontecem. E às vezes de forma inusitada e alegremente, o que me leva a perceber o quanto sou privilegiado. Senti-me lisonjeado quando em 2010, um amigo do curso de Direito, que também é advogado e jornalista convidou-me a ser um integrante da mais nova academia literária do Ceará. No caso Reginaldo Vasconcelos, idealizador e fundador da ACLJ – Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, estabelecida em 4 de maio de 2011 na ACI – Associação Cearense de Imprensa. Mas alguns podem se perguntar porque eu, um humilde advogado e jornalista, seria privilegiado com tal convite. Para alguns mais críticos poderia ser por eu não ter escrito um livro e estar em uma academia literária com alguns notáveis por suas histórias de vida. Mas desde o princípio soube dos propósitos modernos e inclusivos da nova academia, que em 2014 completa seu terceiro ano de existência. Uma academia que não buscou apenas incluir escritores de livros, mas acadêmicos que expressam suas visões de vida das mais diversas formas, e nos mais diversos veículos como o rádio, televisão e internet. Uma academia que valoriza mais as expressões de pensamentos, do que as formas como as mesmas são divulgadas. O mais importante se tornou a mensagem. Convite aceito. Sinto-me privilegiado, sim, por pertencer à ACLJ – Academia Cearense de Literatura e Jornalismo, e me orgulho de ser jornalista e advogado, ocupando a cadeira de número 19, cujo patrono é o jornalista Demócrito Dummar que antes de ser guindado a comandante maior do sistema O Povo de comunicação, passou pelos bancos universitários da Faculdade de Direito da UFC. E a certeza de ser privilegiado se ampliou. Não de forma soberba. Mas de forma respeitosa e com orgulho de integrar um grupo seleto. E o meu orgulho e reverência para com alguns de seus integrantes se tornaram fato concreto. Cheguei à conclusão da razão de ser mesmo um privilegiado nesta academia. Privilégio este, modéstia à parte, único à minha pessoa, e impossível a alguns dos confrades. Foi na nossa ACLJ que tive a oportunidade de reencontrar seres de minha história de vida, aprendizados, e viagens. Sinto-me mais privilegiado ainda pois tenho como confrades pessoas que foram importantes em minha formação acadêmica no Direito e no Jornalismo. Nos assentos da Academia tive a satisfação de perceber que agora estava a caminhar novamente com dois professores de meu curso de Jornalismo, e com dois professores de meu curso de Direito. O mais interessante é que, em momentos distintos, tirei fotos com uma dupla formada por um professor de cada curso. Mestres com os quais tenho passos na aprendizagem de minha viagem por esta vida. A primeira foto é mais descontraída. Nela ao meu lado direito tenho o jornalista e professor Geraldo Jesuíno da Costa, que ocupa a cadeira de número 32, cujo patrono perpétuo é Raimundo Girão. Falar de Geraldo Jesuíno é motivo de orgulho. Homem simples, amante dos livros e das artes gráficas. Com ele pude conhecer de perto, e na prática, as artes gráficas na Imprensa Universitária da Universidade Federal do Ceará, onde estagiei. Este professor foi o meu orientador e maior incentivador para terminar minha monografia do curso de Jornalismo, que concluí em apenas quinze dias. Ao lado esquerdo tenho a satisfação de ter o magistrado e professor Aluísio Gurgel do Amaral Júnior, que ocupa a cadeira de número 14, cujo patrono perpétuo é Aluísio Gurgel do Amaral. Aluísio foi um professor do curso de Direito que nos mostrou que além da formalidade jurídica, por baixo de uma toga existe um ser humano. E no caso dele um ser humano amante das artes e da boa música. Aluísio chegou a nos mostrar seus dotes melódicos ao som dos acordes do violão após as aulas de Direito na faculdade. Já a segunda foto é um pouco mais formal, pois estamos com as vestes talares de nossa ACLJ. Como na primeira, coincidentemente, tenho um professor de Jornalismo ao meu lado direito, e um do Curso de Direito ao meu lado esquerdo. Pelo Jornalismo tenho a ilustre figura do jornalista e professor Vianney Campos de Mesquita, ocupante da cadeira de número 22, cujo patrono perpétuo é José Rebouças Macambira. Vianney foi o professor que nos bem acolheu no curso de Jornalismo da UFC – Universidade Federal do Ceará. Foi através do mestre Vianney Mesquita que conhecemos como seria nosso curso ao longo de quatro anos. Destacamos ainda que com ele viajamos e conhecemos a estrutura da universidade fora de Fortaleza, chegando a conhecer a bela cidade de Sobral. Ainda na faculdade Vianney Mesquita incentivava seus alunos a escrever artigos e a se interessarem em ser autores de obras acadêmicas bem antes da conclusão do curso. Já ao meu lado esquerdo na segunda foto tenho o advogado e Professor Paulo Maria de Aragão. Paulinho, como o chamo carinhosamente, iniciou-me na paixão pelo Direito do Trabalho, para mim, ramo jurídico de fundamental importância na vida, e nas relações sociais do cidadão. Paulo Aragão, soube entender as vezes em que eu chegava atrasado na sua aula no primeiro horário da UNIFOR – Universidade de Fortaleza. O atraso ocorria porque eu saía dos estúdios da televisão, onde trabalhava, direto para a sala de aula. Ao adentrar na sala logo escutava o velho bordão do professor: “Repórter, chegou?” Esta sua compreensão se deve ao fato de que também, no passado, ele exerceu atividades jornalísticas na redação. Aqui eu agradeço a estes mestres com carinho e respeito por poder novamente, na viagem da vida, estar ao lado dos mesmos. Por isto sou um acadêmico da ACLJ privilegiado. Enfim, sou privilegiado e rico.... Nada mais.

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